Neste 8 de Março fazemos nossa homenagem, contando um pouco da história das mulheres na medicina.
A importância das mulheres na medicina é um tema crucial e que deve ser relembrado com frequência, não apenas no dia 8 de março. A presença feminina na área da saúde resultou em contribuições significativas nas últimas décadas, mas sabemos que ainda existe um longo caminho a ser percorrido.
Historicamente, as mulheres têm enfrentado diversas barreiras para ingressar na profissão médica. No entanto, ao longo dos anos, elas têm desafiado essas dificuldades, conquistando espaço e se destacando em diversas especialidades médicas.
A inclusão de mais mulheres na medicina não apenas promove a igualdade de gênero, mas também enriquece a profissão com uma variedade de novas perspectivas e habilidades.
Primeira mulher médica no Brasil se formou em 1887
Antes de 1850, as mulheres eram impedidas de estudar Medicina em diversas partes do mundo. Na Inglaterra, por exemplo, a primeira mulher a se formar em Medicina foi Elizabeth Blackwell, em 1849. No Brasil, o primeiro curso de Medicina para mulheres foi criado apenas em 1888, na cidade de São Paulo.
Já a primeira mulher a se formar em Medicina no país foi Rita Lobato Velho Lopes, em 1887, pela Faculdade de Medicina da Bahia. Ela enfrentou grande resistência da família, dos seus colegas homens e da sociedade em geral, que consideravam inadequado e imoral uma moça ingressar em uma profissão dominada por homens.
Presença feminina em crescimento
De acordo com dados do Conselho Federal de Medicina, em 2023, as mulheres na Medicina representam 49% (267,7 mil) dos médicos no Brasil, um crescimento significativo em comparação a décadas anteriores. Em 2011, a categoria contava com 141 mil profissionais do sexo feminino.
A perspectiva é que, até 2035, ocorra um crescimento previsto de 118% de mulheres médicas, enquanto, entre os homens, o aumento será de 62%. Esse assunto foi abordado no blog do Instituto Simutec recentemente. Vale a pena conferir!
Exemplos de mulheres de sucesso na medicina
Uma das principais contribuições das mulheres na medicina é a capacidade de oferecer uma abordagem mais sensível e compassiva no cuidado aos pacientes. As mulheres muitas vezes demonstram uma capacidade empática essencial para estabelecer conexões significativas com os pacientes, entendendo não apenas suas condições médicas, mas também suas necessidades emocionais e psicossociais.
Além disso, as mulheres têm desempenhado um papel fundamental na pesquisa médica, contribuindo para avanços significativos no diagnóstico, tratamento e prevenção de vários tipos de doenças. Seja na pesquisa básica, na clínica ou na saúde pública, as mulheres têm demonstrado excelência e liderança em diversas áreas, desde a oncologia até a epidemiologia, da ginecologia à neurociência.
A médica Angelita Habr-Gama, de 90 anos, é um excelente exemplo de mulher que precisou se superar em diversas áreas da vida para tornar-se uma das mais premiadas especialistas em cirurgia do intestino. Em 2022, ela foi reconhecida pela Universidade de Stanford (EUA) como uma das médicas que mais contribuíram para o desenvolvimento da ciência no mundo. Recentemente, Habr-Gama foi a primeira médica-cirurgiã da América Latina a receber a medalha Bigelow, uma tradicional homenagem da Sociedade de Cirurgia de Boston, criada em 1916.
Dificuldades no dia a dia
A representação feminina na medicina também é crucial para garantir que as necessidades específicas das mulheres sejam atendidas de forma adequada no sistema de saúde. Isso inclui questões como saúde reprodutiva, saúde materna e infantil, menopausa e outras condições que afetam predominantemente as mulheres.
Neste contexto de comemoração ao Dia da Mulher, é importante evidenciar que muitas mulheres ainda enfrentam casos de assédio e violência contra médicas nas faculdades e nos hospitais. Esse problema precisa ser cada vez mais combatido e fiscalizado com seriedade pelas instituições competentes.
Existem, ainda, os desafios das mulheres que precisam equilibrar a maternidade com uma rotina intensa, e muitas vezes desgastante, de trabalho. É o que chamamos de ‘dupla Jornada de cuidado’.
Ter médicas capacitadas e sensíveis a essas questões é fundamental para garantir que todas as pessoas recebam cuidados de saúde de qualidade, independentemente do gênero.
Exemplos que inspiram e encorajam
Outro ponto que merece ser mencionado é que a presença de mulheres na medicina inspira e motiva futuras gerações de profissionais de saúde. Ver mulheres ocupando posições de destaque na medicina serve como um poderoso modelo a ser seguido por meninas e jovens estudantes que aspiram seguir carreira na área da saúde. Certamente, isso ajuda a quebrar estereótipos de gênero e incentiva a diversidade e a inclusão em todos os níveis da profissão.
No início deste ano, trouxemos aqui para o blog a história da médica Daniela Bortman, de 40 anos. Ela é head de saúde na multinacional farmacêutica Bayer, está entre os 5% de pessoas com deficiência que ocupam cargos de liderança em grandes empresas do país. Temos, ainda, uma entrevista que fizemos com a médica ginecologista Camila Bessow, que é coordenadora médica do Instituto Simutec, e também tem se destacado na carreira com muito êxito e profissionalismo.
Em resumo, a importância das mulheres na medicina é inegável, no entanto médicas continuam a enfrentar disparidades salariais, falta de representação em posições de liderança e obstáculos relacionados à conciliação entre vida profissional e pessoal.
Neste dia 08 de Março, Dia Internacional da Mulher, fica nossa reflexão sobre esta realidade e a urgência para mudarmos de forma concreta esse cenário.