O treinamento através de simulação cirúrgica é comprovadamente capaz de desenvolver habilidades psicomotoras que melhoram o desempenho de cirurgiões quando avaliados por exercícios validados em simuladores. No entanto, a transferibilidade das habilidades cirúrgicas desenvolvidas no simulador para a sala de cirurgia real não era bem documentada. Sobre o tema, Antonios Spiliotis, Panagiotis Spiliotis e Ifaistion Palios, cirurgiões respectivamente da Saarland University (Hamburgo, Alemanha), Ruhr-University (Bochum,Alemanha) e National and Kapodistrian University (Atenas, GR) realizaram uma revisão sistemática de ensaios clínicos randomizados publicado recentemente no periódico Minimally Invasive Surgery.
O objetivo do estudo foi determinar se habilidades cirúrgicas adquiridas por meio de treinamento baseado em simulação são transferíveis para a sala de cirurgia. Os autores pesquisaram artigos científicos nos bancos de dados do Embase, PubMed, Cochrane Library and Current Contents, Clinical Trials Database (US), NHS Centro de Bases de Dados de Pesquisa e Disseminação (Reino Unido) e Registro Nacional de Pesquisa (Reino Unido). Dezoito ensaios clínicos randomizados foram incluídos nesta pesquisa. Os estudos incluídos avaliaram os resultados da simulação durante colecistectomia laparoscópica, correção de hérnia inguinal, laqueadura ou oclusão tubária bilateral, salpingectomia, colectomia e sutura laparoscópica.
Apesar das variações nos métodos de avaliação, habilidades e parâmetros cirúrgicos, todos os estudos relataram a eficácia do treinamento de simulação na prática clínica. Cirurgiões treinados em simulador realizaram procedimentos cirúrgicos de forma mais rápida, com maior precisão e baixo percentual de erros intra-operatórios ou complicações pós-operatórias em comparação com o grupo treinado convencionalmente.
Esta revisão sistemática foi a primeira que incluiu apenas ensaios clínicos randomizados para avaliar a transferibilidade das habilidades adquiridas durante treinamento com simuladores. Essa revisão demonstrou que o treinamento baseado em simulação leva a um desempenho superior no ambiente operatório em comparação ao treinamento diretamente realizado no paciente em sala cirúrgica.
Muitos fatores afetam o treinamento cirúrgico durante a Residência Médica. Nos EUA e Europa, determinações governamentais reduziram o número máximo de horas de trabalho semanal dos médicos residentes. Conseqüentemente, os residentes devem alcançar o mesmo nível de competência de seus antecessores com menos horas de treinamento. Além disso, o custo de ensinar um cirurgião dentro da sala cirúrgica em um paciente é muito alto ($ 53 milhões de dólares por ano nos EUA), o que gera pressão financeira. Outro fator importante está relacionado à responsabilidade civil do médico. De acordo com estudos epidemiológicos recentes, erros médicos são causas comuns de morte nos EUA. Pacientes expostos a cirurgiões inexperientes em treinamento levaram o sistema educacional a reavaliar questões relativas ao treinamento médico.
O uso de simulação no treinamento cirúrgico foi intensificado nos últimos anos, e embora os resultados sejam positivos, a integração de simulação nos currículos dos residentes ainda é pequeno e laboratórios de simulação continuam a ser subutilizados.
O “errar é humano” não é mais aceitável no atendimento em saúde. Com a simulação, o cirurgião em treinamento aprende para operar e não opera para aprender, preenchendo uma importante premissa ética da relação médico-paciente. A simulação fornece uma maneira segura, eficaz e ética para os médicos residentes adquirirem habilidades cirúrgicas antes de entrarem na sala de cirurgia.
Referência:
Spiliotis AE, Spiliotis PM, Palios IM. Transferability of Simulation-Based Training in Laparoscopic Surgeries: A Systematic Review. Minim Invasive Surg. 2020 Aug 25; 2020:5879485.
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