O Instituto Simutec convidou Samira Bjaige, presidente do Departamento Universitário da Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS) desde 2023, para falar sobre o cenário atual das universidades brasileiras no ensino de procedimentos minimamente invasivos.
Esse tipo de técnica vem se apresentando como uma forte tendência para o tratamento de inúmeros casos clínicos, principalmente pela segurança e conforto oferecido aos pacientes na comparação com as cirurgias de corte.
Dados coletados pela nossa equipe com o Ministério da Saúde apontam que houve um crescimento expressivo em videolaparoscopia nos últimos anos, chegando a quase 200 mil procedimentos realizados em 2023. Este panorama mostra que é cada vez mais importante que, tanto as universidades como os estudantes, estejam preparados para atuar na prática de técnicas minimamente invasivas.
Isso inclui, entre outras coisas, o manuseio correto dos equipamentos, o treinamento constante e a busca por qualificação para aprimorar o atendimento oferecido em cínicas e hospitais.
Confira a entrevista completa da Samira Bjaige a seguir:
1- De que forma você acredita que as universidades brasileiras estão se reinventando para formar médicos cada vez mais preparados para os desafios do setor da saúde?
Dentro do âmbito da área da saúde, as universidades estão buscando o aprimoramento de seus laboratórios e priorizando a atualização das indicações de procedimentos para que os estudantes possam adquirir conhecimento eficaz e de qualidade para a futura prática profissional. Um exemplo desta inovação, que vejo no meu dia a dia, seria a introdução de técnicas e habilidades com o procedimento de ultrassonografia.
2- O que a instituição em que você atua faz para garantir que os alunos de medicina tenham uma boa prática de procedimentos médicos sem colocar em risco a segurança do paciente? Na sua opinião, a prática oferecida é suficiente para preparar o futuro profissional ou os treinamentos na educação continuada são cada vez mais essenciais para aprimorar a formação do aluno?
Acredito que a universidade promove uma formação atualizada no âmbito da tecnologia dentro da medicina, proporcionando para os alunos laboratórios inovadores, com equipamentos de ultrassonografia, manequins de simulação de procedimentos etc. Dessa forma, a instituição contribui para formar profissionais com diversas habilidades na prática de procedimentos médicos. Sem dúvida, isso ajuda a reduzir os riscos para os pacientes ao formar profissionais qualificados.
3- Quais são os maiores desafios dos alunos em relação à prática de procedimentos minimamente invasivos no Brasil? Onde você percebe maiores as facilidades e dificuldades dos estudantes e residentes?
O principal desafio que eu observo dos alunos em relação aos procedimentos minimamente invasivos seria na indicação clínica de cada caso, ou seja, os alunos ainda precisam avaliar adequadamente quando o procedimento seria bem indicado, com um bom embasamento científico e técnico. Porém, dentro da imersão tecnológica e ampliando os conhecimentos técnicos que as universidades estão proporcionando aos acadêmicos, esse desafio vem sendo superado a partir da introdução dos ensinamentos e da prática de procedimentos minimamente invasivos dentro do currículo acadêmico.
Nesse contexto, com o aumento da realização dos procedimentos minimamente invasivos no Brasil, acredito que os estudantes devem aprofundar os seus conhecimentos e estudos para que esse tipo de técnica seja realizada de forma qualificada.
4- Com relação aos professores, o que você aconselharia para que eles estejam cada vez mais atentos às necessidades dos alunos, principalmente sobre a atualização de novas técnicas?
Com a ampliação da realização dos procedimentos minimamente invasivos, se torna necessário que o enfoque nas aulas seja cada vez maior nas técnicas e habilidades essenciais para o futuro profissional médico. Faz-se necessário, entre outras coisas, uma constante atualização e aprofundamento dos conhecimentos e pesquisas dentro do âmbito dos procedimentos minimamente invasivos.
5- Como você avalia as tendências e perspectivas para a oferta de procedimentos minimamente invasivos no Brasil, tanto na rede pública como na privada?
Os procedimentos minimamente invasivos, quando bem indicados e com bom embasamento técnico e científico, tornam-se uma tendência capaz de oferecer aos pacientes diversos benefícios. Além disso, profissionais bem formados geram impactos positivos para os serviços oferecidos nas unidades públicas e privadas de saúde.
Sobre o Departamento Universitário AMRIGS
Para quem não conhece, o Departamento Universitário AMRIGS (DU AMRIGS) é uma organização que integra acadêmicos dos cursos de Medicina do estado do Rio Grande do Sul. Dentro de suas finalidades, busca contribuir para o aperfeiçoamento da cultura médico-científica principalmente através da realização de eventos de interesse da comunidade acadêmica, tais como cursos, seminários, palestras e um congresso anual. O DU AMRIGS é um espaço para troca de experiências, discussões e ações a respeito da qualidade do ensino médico, valorização profissional e garantia da prestação de serviços de saúde de qualidade.
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