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Camilla Rua

EM 2024 HAVERÁ MAIS MÉDICAS MULHERES DO QUE MÉDICOS HOMENS NO BRASIL




Por Camila Rua - jornalista, entrevistando a Dra. Camila Bessow - Médica Ginecologista e Coordenadora Médica do Instituto Simutec


A forte presença feminina na carreira médica já é uma realidade no Brasil. Recentemente, o estudo sobre a Demografia Médica no Brasil (DMB), produzido pela Associação Médica Brasileira (AMB) em parceria com a Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), mostrou que, em 2024, o número de mulheres médicas será maior que o de homens pela primeira vez no país.


Esses dados demonstram que o forte posicionamento das mulheres para ocuparem os lugares e carreiras que desejam vem funcionando, ao longo de décadas de luta por equidade social.


Para falar sobre esse assunto e reforçar as possibilidades que a medicina oferece para as mulheres na carreira médica, o Instituto Simutec convidou a médica ginecologista Camila Karsburg Bessow para um bate papo.



Aos 33 anos, ela se formou na UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul e fez residência no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, onde ganhou experiência para atuar em diferentes casos e perfis de pacientes. É Mestre em Reprodução Humana e Especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). A Dra. Camila é uma das coordenadoras médicas do Instituto Simutec, atuando como coordenadora e tutora em treinamentos de videolaparoscopia em ginecologia.



Dra. Camila Bessow

"Entrei na faculdade em 2008, motivada pela vontade de cuidar das pessoas de um jeito que fizesse a diferença na vida delas, lidando com a saúde e com as doenças de forma humana", explica.


Para crescer na carreira e alcançar seus objetivos, Camila buscou inspirações nos colegas e nos professores. Na visão da médica, é fundamental que, independentemente da profissão, a pessoa saiba agir com ética, empatia e bom senso, sempre usando as boas referências para se desenvolver e evitando repetir o comportamento inadequado das outras pessoas. "Durante a residência, eu aprendi muito mais do que técnicas e procedimentos médicos. Eu vivenciei experiências que eu gostaria de seguir como médica, como também vi outras que achei válido não levar adiante na carreira" , destaca.


Confira a entrevista da Camila Karsburg Bessow em celebração ao Dia Internacional da Mulher!


Instituto Simutec - Hoje em dia, o debate sobre gênero vem crescendo em todas as profissões. No ramo da ginecologia, a figura tradicional a do homem como médico sempre foi muito comum, devido ao longo tempo que mulheres levaram para ocupar destaque na especialidade. Como foi, para a sua geração de médicas, ocupar este lugar e construir uma carreira nesse ambiente tradicionalmente masculino?

Na minha geração, acredito que as médicas ginecologistas já estavam bem estabelecidas na área. Acho que, atualmente, já somos mais mulheres do que homens nessa especialidade. Mas sim, existe ainda algum preconceito relacionado ao sexo. Vejo isso nos ambientes de bloco cirúrgico, às vezes em forma de "brincadeira", mas que ainda nos deixa chateadas com certos comentários... Minha opinião é de que não devemos deixar esse preconceito nos limitar, devemos seguir em frente, trabalhando da maneira como achamos mais correta e íntegra!

Instituto Simutec - Você enfrentou algum desafio na sua trajetória como médica por ser mulher? Se sim, poderia contar algum fato marcante? Acho que o maior desafio é ser mulher bem sucedida nas várias esferas da vida: profissional, mãe, esposa, amiga etc… Quando me tornei mãe, percebi a necessidade de gerenciar melhor o tempo, estabelecer prioridades, seguir trabalhando como gosto, sem perder oportunidades de trabalho, mas também estando presente na vida pessoal e tendo tempo de cuidado para mim mesma! Instituto Simutec - O que mudou, em termos de machismo estrutural no meio médico da Camila universitária para a Camila de hoje, já com a carreira consolidada? A Camila universitária era mais imatura e, talvez, nem percebesse esse machismo, mas claro que ele já existia…Hoje em dia, perceber e lidar com esse machismo se tornou mais fácil, por já ter vivido algumas experiências e ter mais confiança e maturidade para enfrentar alguma situação que apareça. Instituto Simutec - Quais os desafios que uma mulher médica enfrenta no dia a dia, mas que os homens médicos não enfrentam? A mulher pode ser vítima de assédios e preconceitos de forma muito mais frequente do que os homens. E mesmo assim, nem sempre ela se dá conta do que está acontecendo. Instituto Simutec - O que precisa ser feito nos ambientes de formação médica para que uma cultura de equidade de gênero seja habitual?

É fundamental falar desse assunto, deixar bem claro quando algum tipo de preconceito estiver acontecendo, educar meninos e meninas desde cedo para tornar a equidade algo normal e esperado na nossa sociedade.


Instituto Simutec - Que recado você daria para jovens mulheres que querem seguir a carreira médica, principalmente em especialidades ainda dominadas por homens, e têm receios sobre os desafios da profissão?

Se é a tua vontade, seja médica, uma boa médica, a melhor que puderes ser. Esse mesmo conselho eu também daria para um homem querendo seguir na profissão. Preconceito pode existir em todas as áreas, por diversos motivos. Devemos aprender a identificá-lo e lidar com ele para que não se prolongue ou crie problemas cada vez maiores. Temos que criar nossos filhos para que não reproduzam os erros do passado. Essa é a minha opinião.

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