Ao longo de várias décadas, o uso de abordagens computacionais na área da medicina tem aumentado constantemente. Avanços na tecnologia deram origem a poderosos algoritmos de aprendizagem, denominado de inteligência artificial (IA) (1). O desenvolvimento da AI médica é relacionado a criação de programas que possuem o potencial para auxiliarem em diagnósticos, tratamento e previsão de resultados em muitos cenários clínicos (2). A combinação entre conhecimento médico e algoritmos inteligentes está mudando a forma como a medicina é praticada, oferecendo benefícios tanto para pacientes quanto para profissionais de saúde.
São projetados para apoiar nos cuidados de saúde diários, auxiliando nas tarefas que necessitam de manipulação de dados e outros conhecimentos gerais (2). Isso gera um impacto em três níveis:
Médicos: auxiliando durante atendimentos.
Pacientes: permitindo que os mesmos processem seus próprios dados gerando promoção de saúde (3).
Sistema de saúde: melhorando o fluxo de trabalho e reduzindo possíveis erros.
Um dos principais benefícios da AI na medicina é a capacidade de auxiliar os médicos no diagnóstico preciso de doenças. Algoritmos de aprendizado profundo podem analisar vastas quantidades de dados médicos, incluindo imagens de exames, histórico do paciente e sintomas, para fornecer diagnósticos mais rápidos e precisos. Por exemplo, a AI tem se mostrado eficiente em identificar sinais precoces de câncer em exames de imagem, como mamografias e tomografias, aumentando as chances de detecção precoce e, consequentemente, o sucesso do tratamento.
De forma complementar, a AI também tem sido utilizada para desenvolver tratamentos personalizados e mais eficazes para os pacientes. Ao analisar dados genômicos e moleculares, a AI pode identificar padrões complexos e fornecer informações valiosas sobre quais terapias são mais adequadas para um determinado paciente. Isso não apenas melhora os resultados do tratamento, mas também reduz os efeitos colaterais indesejados.
Outra aplicação promissora da AI é na previsão de doenças e epidemias. Com base em grandes conjuntos de dados epidemiológicos, dados climáticos e informações demográficas, os algoritmos de AI podem antecipar surtos de doenças, como influenza, dengue ou COVID-19. Essa capacidade de previsão permite que os sistemas de saúde se preparem adequadamente e adotem medidas preventivas para conter a disseminação de doenças.
Além disso, a AI está revolucionando o campo da pesquisa médica. Ela pode acelerar o processo de descoberta de medicamentos ao analisar enormes bases de dados e encontrar padrões em testes pré-clínicos e ensaios clínicos. Isso leva a uma abordagem mais rápida e precisa na identificação de novas terapias, potencialmente salvando vidas e reduzindo os custos de pesquisa.
Ademais, diversas tecnologias facilitam o dia-a-dia dos pesquisadores e de todos os médicos que buscam manter-se atualizados, dentre elas, destacam-se a ferramenta de busca “Consensus”, que seleciona os artigos científicos mais relevantes de determinado assunto e o assistente de pesquisa “SciSpace”, que interpreta e complementa dados a partir de uma base de dados de literatura científica.
Apesar de todos esses avanços, é importante notar que a implementação da AI na medicina também traz desafios. A privacidade e a segurança dos dados dos pacientes são questões críticas, e os algoritmos devem ser desenvolvidos e testados com rigor para garantir sua eficácia e confiabilidade.
Em conclusão, a inteligência artificial está moldando a medicina de forma extraordinária, melhorando diagnósticos, tratamentos e prognósticos, além de impulsionar a pesquisa médica. À medida que a tecnologia continua a evoluir, é provável que vejamos uma transformação ainda maior no setor de saúde, com a AI desempenhando um papel cada vez mais importante na prestação de cuidados médicos mais avançados e personalizados para pacientes em todo o mundo.
Referências
1. SARWAR, S. ET AL. Physician perspectives on integration of artificial intelligence into diagnostic pathology. npj Digital Medicine, 28 (2019).
2. RAMESH, NA ET AL. Artificial intelligence in medicine. Ann R Coll Surg Engl 2004; 86: 334–338
3. TOPOL, EJ. High-performance medicine: the convergence of human and artificial intelligence. Nature Medicine, vol 25, 44-56 (2019).
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