A Presença Feminina na Cirurgia Brasileira: Avanços e Desafios
- Equipe Instituto Simutec
- 24 de mar.
- 3 min de leitura
A presença feminina na cirurgia brasileira evoluiu significativamente ao longo das décadas, superando desafios e preconceitos para conquistar seu espaço em um campo historicamente dominado por homens. No entanto, as mulheres ainda são minoria nas especialidades cirúrgicas.

Primeiras Conquistas femininas
As mulheres sempre enfrentaram dificuldades de inserção no mercado de trabalho, principalmente em profissões que demandavam formação acadêmica, pois as mulheres não era permitido estudar. Não foi diferente na medicina. Elizabeth Blackwell, primeira médica da história, se formou apenas em 1849, nos Estados Unidos (instituições de ensino de medicina existem desde 1765).
No Brasil, a inclusão feminina na medicina ocorreu tardiamente e foi marcada pela luta de pioneiras que desafiaram barreiras para abrir caminho para as gerações seguintes.
Disfarçada de homem
No início do século XIX, as mulheres ainda não eram aceitas como alunas em faculdades de medicina. Margaret Bulkley, uma irlandesa determinada a atuar como cirurgiã, burlou as regras ao se vestir como homem e adotar o nome de James Barry. Assim, ingressou na Universidade de Edimburgo, na Escócia, em 1809.
Sua carreira na Armada Britânica foi marcada por importantes avanços na medicina e pela melhoria do atendimento à população e aos soldados. Sua verdadeira identidade só foi descoberta após sua morte, em 1865, evidenciando os desafios extremos que as mulheres enfrentavam para ingressar na medicina.
Pioneiras no Brasil
No Brasil, as primeiras faculdades de medicina foram fundadas em 1808, mas apenas em 1879 a lei Leôncio de Carvalho permitiu o ingresso feminino no ensino superior. Rita Lobato Lopes foi uma das primeiras a aproveitar essa oportunidade, tornando-se a primeira médica e a segunda cirurgiã brasileira. Formou-se em 1887, especializando-se em cirurgias obstétricas e atendendo mulheres que preferiam evitar o atendimento de médicos homens. Além de sua atuação na medicina, Rita lutou pelo direito ao voto feminino e atuou como vereadora entre 1934 e 1937.
O Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC) teve sua primeira mulher associada apenas 30 anos após sua fundação, em 1929. Merisa Braga de Miguez Garrido foi pioneira na cirurgia vascular, atuando entre 1954 e 1997 no Hospital Estadual Getúlio Vargas. Além de cirurgiã, foi professora em diversas universidades e ocupou cargos de destaque na Associação Médica Brasileira (AMB).
Crescimento das Residências Cirúrgicas e Consolidação Feminina
Foi apenas na década de 1950 que as mulheres começaram a ingressar nos programas de residência cirúrgica no Brasil. Mesmo enfrentando preconceito e dificuldades estruturais, sua presença aumentou gradativamente. Entre as décadas de 1970 e 1980, cirurgiãs passaram a se destacar também em cargos acadêmicos e de liderança. Um dos grandes nomes desse período é a Dra. Angelita Habr-Gama, a primeira mulher a ser membro honorário da American Surgical Association, em 2002.
Panorama Atual da Cirurgia Feminina no Brasil
A Demografia Médica 2024 mostra que as mulheres representam 49,92% do total de médicos no Brasil, sendo a maioria (58%) entre os profissionais com menos de 39 anos. No entanto, nas especialidades cirúrgicas, sua presença ainda é reduzida. Segundo dados da Demografia Médica 2020:
41,4% dos especialistas em cirurgia pediátrica são mulheres;
24,9% em cirurgia vascular;
23,9% em cirurgia plástica;
22,1% em cirurgia geral.
Esses números são significativamente menores em comparação a especialidades predominantemente femininas, como dermatologia (77,9%) e pediatria (74,4%). A baixa representação feminina pode ser atribuída ao ambiente hostil que existiu por décadas, incluindo a falta de vestiários femininos em hospitais e episódios de assédio. Entretanto, estudos indicam que médicas cirurgiãs oferecem aos pacientes um risco 12% menor de óbito no pós-operatório, segundo pesquisa da Universidade de Toronto.
Expansão das Escolas Médicas e a Necessidade de Treinamento
Desde 2010, o Brasil presenciou um crescimento expressivo no número de escolas médicas, com a criação de 210 novas instituições. No entanto, essa expansão gerou preocupações sobre a qualidade da formação, já que 78% dos municípios que sediam essas escolas não possuem infraestrutura adequada.
Nesse contexto, o aprimoramento técnico se torna essencial. O Instituto Simutec, localizado na APM em São Paulo, oferece cursos de simulação de alta tecnologia para complementar a formação acadêmicocirúrgica. Essas iniciativas fortalecem a educação médica contínua e garantem que profissionais estejam atualizados com as melhores práticas.
A trajetória das mulheres na cirurgia brasileira é marcada por grandes conquistas e desafios persistentes. Desde pioneiras que romperam barreiras até as cirurgiãs contemporâneas que enfrentam dificuldades para se firmar na especialidade, a busca por equidade de gênero continua. O reconhecimento e a valorização dessas profissionais são essenciais para a construção de um ambiente cirúrgico mais inclusivo e diversificado, beneficiando toda a sociedade.
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