* Baseado em “Medical Leadership: Past, Present and Future” de Kevin R. Loughlin, MD, Página da Harvard Medical Schooll - Janeiro, 2022
A profissão médica testemunhou mudanças inexoráveis nas últimas décadas. A crescente dependência de marcadores moleculares, o surgimento da cirurgia robótica, a reforma da legislação em saúde e a crescente utilização do prontuário eletrônico são exemplos das mudanças que ocorreram na Medicina.
Concomitante a essas mudanças na prática da medicina estão as mudanças na liderança médica. É útil rever como a liderança médica evoluiu e como continuará a evoluir no futuro.
LIDERANÇA MÉDICA TRADICIONAL
Por muitos anos, o típico chefe de um departamento ou serviço médico tendia a ser um homem mais velho com um histórico robusto de publicações e reputação regional ou nacional. No entanto, poucos desses homens tinham qualquer treinamento específico de liderança. Era raro que qualquer uma dessas posições estivesse vinculada a limites de mandato específicos. Os indivíduos normalmente serviam enquanto pudessem navegar na política da organização.
LIDERANÇA MÉDICA ATUAL
À medida que a prática médica se tornou mais complexa, a liderança médica também se tornou. Em nível acadêmico, esta complexidade está associada ao desenvolvimento de missões e estratégias organizacionais, gerenciamento de planos de prática do corpo docente, orçamentos de pesquisa e filantropia. Responsabilidades heterogêneas semelhantes ocorrem em todos os cargos de liderança médica, incluindo presidências, diretorias de programas de residência e presidências de sociedades de especialidades.
1. Integridade é fundamental para o sucesso de toda liderança. O ex-senador americano do Wyoming, Alan K. Simpson, disse: “Se você tem integridade, nada mais importa. Se você não tem integridade, nada mais importa.” A integridade gera confiança e a confiança é a moeda de qualquer organização de sucesso.
2. Visão é uma qualidade essencial de liderança. Com a rapidez da mudança em muitos aspectos da prática médica; ciência, requisitos regulamentares ou gestão financeira, a visão é um componente crucial da liderança eficaz.
3. Humildade é outra qualidade crítica de liderança. Não há falta de ego na profissão médica. No entanto, com a experiência, muitos médicos percebem que “o cara mais inteligente da sala” geralmente não o é realmente! A humildade em um líder pode ser desarmante e pode gerar uma cultura de trabalho em equipe e colaboração.
4. Liderança não é poder; é persuasão. Muitos líderes assumem erroneamente que ações enérgicas são a marca registrada de um líder eficaz. Isso raramente é o caso. A persuasão é a base da boa liderança, pois leva ao consenso. E o consenso é importante para o sucesso duradouro e de longo prazo da maioria das organizações.
5. Bons líderes evitam o isolamento criando um círculo de conselheiros. A comunicação é importante para qualquer pessoa em posição de liderança e o isolamento prejudica a comunicação. A melhor maneira de entender a dinâmica de mudança de qualquer organização é utilizar vários conjuntos de olhos e ouvidos. Um pequeno grupo de colegas de confiança é um ativo inestimável para qualquer líder. Além disso, vários pontos de vista promovem a sabedoria coletiva. Jack Welch, lendário CEO da General Electric, costumava citar o provérbio asiático: “Todos nós somos mais inteligentes do que qualquer um de nós”.
6. Não seja arrogante! Líderes eficazes reconhecem e promovem as realizações daqueles ao seu redor. Existem dois tipos de líderes médicos — aqueles que são revigorados pelas realizações dos que o cercam e aqueles que são ameaçados por eles. Os líderes que se sentem confortáveis em sua própria pele são os indivíduos que mais frequentemente prosperam e deixam um legado de sucesso.
7. Um bom líder exige responsabilidade de si mesmo e dos outros. Um líder eficaz comunicará claramente os objetivos individuais e organizacionais. As revisões dos resultados serão completas, justas e construtivas.
8. Um bom líder saberá quando demitir outro indivíduo. Demitir alguém está entre as tarefas mais difíceis que um líder enfrentará. Muitas vezes tem conseqüências financeiras e de carreira para o indivíduo. Deve ocorrer apenas como acompanhamento de discussões anteriores que não resultaram na resolução dos problemas de desempenho. Isto envolve também a percepção de quando “demitir” a si mesmo. Isso pode ser necessário para uma variedade de circunstâncias, como, por exemplo, quando sua liderança não ressoa mais. Outra situação é quando sua visão e a visão de muitos na organização são discordantes. Outras vezes, pode ser perceber que o próprio desempenho está ficando para trás. Finalmente, pode ser saber que é um momento apropriado para você e a organização terem uma mudança de liderança.